sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nova Fase


Faz tempo que não escrevo aqui, isso já está bem óbvio! Não vou tentar justificar, mas vamos à explicação: Depois de passear por Iguaçu, pensei que o dinheiro havia acabado! Verifiquei o extrato do cartão de crédito, subtraí das economias e pelas minhas contas estava em sinal vermelho. Passei alguns dias no supreendente Paraguai e em seguida voltei para Buenos Aires com o intuito de voar de volta para o Brasil, mas eis que ao chegar na Argentina descobri que havia cometido um erro na análise do saldo e tinha SIM dindin para continuar minhas peripécias mundo afora.


Para não "perder a viagem" fiquei quase duas semanas em BAires descansando, revisitando meus lugares favoritos, curtindo o dia a dia da cidade e me despedindo de diversos amigos de viagem cujos caminhos voltaram a cruzar o meu por ali, nestes dias porteños não escrevi e só saquei a câmera fotográfica da mochila para tirar as duas fotos que ilustram este post: o Jardim Japonês e minha amiga Nath lutando contra um frango.

Foram dias maravilhosos nos quais me preparei para uma segunda etapa do South America Project, seguindo rumo ao norte para cruzar um deserto de terra, outro de sal, enfrentar estradas calamitosas, descer às portas do inferno em uma mina de prata e desbravar um dos países de cultura mais rica do nosso continente, tudo isso, claro, cercada de novos amigos a cada dia!

É óbvio que não vou deixá-los na curiosidade dessas peripécias e por isso vamos começar uma nova fase também aqui no blog, uma fase de viagem por lembranças e memórias para reconstruir o relato dessas aventuras de paisagens incríveis e gente maravilhosa.

Até já!

sábado, 23 de abril de 2011

Mapa das viagens até agora!

Travel Map
I've been to 58 cities in 12 countries
Polly is an explorer that:
occasionally strays off track
is happy with a roof and running water
flirts with danger
Travel cred: great
I rank in the top...
0.2% most cities visited - Paraguay
1% most cities visited - Venezuela
2% most cities visited - Argentina

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Iguaçu/Iguazu – A melhor viagem da minha vida!!!


Quem acompanha o blog talvez lembre que pelo roteiro inicial a visita às cataratas do Iguaçu estava prevista para início de fevereiro, logo depois de Buenos Aires, pois bem, algumas horas antes de embarcar no ônibus lembrei do meu avô, cujo maior sonho era ver esse epetáculo da natureza. Desisti da viagem e segui para Córdoba, neste meio tempo reorganizei meus planos e comprei duas passagens aéreas para meu avô e minha avó irem a Foz do iguaçu me encontrar no início de abril. O gasto “imprevisto”, comprometeria metade do meu roteiro, Bolívia, Peru e Equador correm o risco de ficar p/ próxima, mas querem saber? Cada momento desta semana com os velhos valeu por três viagens ao redor do mundo!!!

Cheguei em Puerto Iguazu (a cidade argentina) com um dia de antecedência para me familiarizar com a região. Na manhã seguinte fui à Foz do Iguaçu (lado brasileiro) para receber os dois. Eles chegaram animados e... com 1 litro de AÇAI na bolsa! Para acompanhar um camarãozinho com legumes, daquele jeitinho que só a vovó sabe fazer. Paraense é fogo! =)


Como nossa trupe não estava para brincadeiras, o primeiro passeio já foi valendo: cataratas brasileiras. O parque é LINDO! Já no primeiro mirante ficamos encantados com a paisagem, parecia que nada seria mais bonito que aquilo, uma série de cachoeiras enfeitadas com um arco-íris, vista de tirar o fôlego...


Dezenas de fotos depois começamos o caminho pelas passarelas e não é que a paisagem ficava melhor ainda? A quantidade de quedas d’água impressionava, formando um cenário espetácular , colorido pelos arco-íris que se formavam por todos os lados. No caminho um grupo de quatis fazia a alegria dos visitantes, desnescessário descrever o quanto estávamos maravilhados, certo? Após 2h de caminhadas com muitas paradas e fotos, fotos, fotos, chegamos a grande atração das cataratas brasileiras, uma passarela construída diante de uma cachoeira ENORME. Vestimos as capas de chuva e partimos para o banho! Diante daquela força só nos restava abrir os braços e agradecer a oportunidade de estar ali!

Na volta para casa demos uma voltinha por Foz e planejamos o dia seguinte: comprinhas no Paraguai. A ida para Ciudad del Este foi tranquila, mas a cidade é CAÓTICA! Só atravessávamos a rua quando era estritamente nescessário e ainda assim morrendo de medo dos carros, caminhões e motos desgovernadas pelo caminho. Vovô comprou uma câmera digital, enquanto eu e vovó nos entregamos às muambas mais miúdas. Os preços, de fato, nos deixaram enlouquecidos!


Após aplacar parte da ânsia consumista fomos conhecer outra maravilha da região: a usina de Itaipú, maior hidrelétrica em geração de energia, considerada uma das 7 maravilhas modernas do mundo! Integramos o circuito turístico especial para conhecer as estruturas externas e internas do complexo. Nossa visita aconteceu em um momento de sorte: o lago da represa tinha excesso de água, por isso o vertedouro estava aberto, espetáculo devidamente registrado pelos velhos com o novo brinquedinho paraguaio.


Os passeios intermediários foram muito divertidos, mas o melhor ainda estava por vir: as cataratas argentinas, que prometiam emoções ainda maiores que o parque brasileiro. Saimos da pousada bem cedo, cruzamos a fronteira e pegamos o ônibus para o Parque Nacional Iguazu, onde um trenzinho super charmoso nos levou à primeira estação para os circuitos de passarelas. Começamos com o circuito inferior, no qual admirávamos as cataratas de baixo para cima. Todas as quedas que vimos de longe no passeio pelo lado brasileiro estavam ali, bem pertinho, nos permitindo entender ainda melhor a força daquelas águas!


Mas para quem pensa que passeio com vovô e vovó é coisa light, aviso: vocês não conhecem os MEUS avós! Desde os primeiros planos da viagem, vovô estava super empolgado para fazer um passeio de barco pelo rio iguaçu, a vovó, apesar de muito relutante com a idéia, puxou um restinho de coragem do fundo do bolso e resolveu nos acompanhar na aventura! Antes de entrar no bote, vimos um outro grupo fazendo o passeio e apesar de chegar bem pertinho das quedas, não parecia nada realmente radical. Vestimos os coletes salva-vidas e nossas queridas capas de chuva e embarcamos. A primeira voltinha é especial para as fotos, flash daqui, flash dali, senhoras e senhores, por favor, guardem as câmeras, pois agora vamos nos molhar! O bote fez o mesmo trajeto daquele que havíamos visto anteriormente, se aproximou do vapor de uma queda d´água imensa, nos deixou ligeiramente úmidos e plenamente felizes.

Quando já estávamos super satisfeitos com a nossa “aventura” eis que o barco volta à primeira cachoeira onde paramos e ai sim, se mete VALENDO na água. Impossível descrever a força daquelas quedas em cima da gente... a água vinha em jatos tão fortes que o início era impossível abrir os olhos, o tanto que bebemos então, matou a sede pelo resto do dia. Eu, SEMPRE CORAJOSA, gritava e dizia “moço, chega pelo amor de DEUS!”, só conseguia pensar “se a gente não morrer agora, selado que a vovó me mata quando acabar”. Em meio a muitos gritos e adrenalina, a visão das cataratas era espetacular! As paredes de pedra a poucos centímetros de distância davam medo, mas ao mesmo tempo nos permitiam entender finalmente o poder da natureza por ali. Um momento inesquecível!!!


Sobrevivemos! E para minha sorte, vovó estava tão feliz que sequer lembrava do medo de antes! Alegres, satisfeitos e MOLHADOS até a ALMA seguimos para o circuito superior, no qual caminhamos por cima das quedas, uma paisagem ainda mais impressionante que as anteriores!


E quando pensávamos que já havíamos visto tudo e que o parque finalmente não teria mais como nos supreender, pegamos o trenzinho novamente rumo à última estação: GARGANTA DO DIABO, a maior das quedas do Iguaçu. No lado brasileiro só conseguimos vê-la de longe, como um grande caldeirão de vapor, no lado argentino, após caminhar mais de 1,5km de passarelas em meio a borboletas brincalhonas que não temiam se aproximar, chegamos a um mirante colocado bem na ponta da cachoeira...

Nem todos os adjetivos do mundo, em caixa alta e negrito, dariam conta de explicar o que vimos por lá! Não é exagero dizer que tenho lágrimas nos olhos só de lembrar... Era tanta água despencando que o vapor formado subia diretamente ao céu formando nuvens fresquinhas bem ali na nossa frente, mas não sem antes formar um belo arco-íris em circulo, que surgia e se apagava de acordo com a nuvem de água em uma brincadeira mágica de esconde-esconde. A única palavra que posso usar para descrever tudo o que vivemos é: PERFEITO!



Antes de voltar para Foz ainda paramos em uma churrascaria para comer um típico assado argentino. Vovô ficou apreciando uma Quilmes enquanto eu e vovó corríamos para comprar vinhos e alfajores para levar p/ casa. O passeio só acabou quase ás 10 da noite, quando já não havia sequer ônibus para voltar ao Brasil. Vovó ficou meio assustada, pensando que ia dormir na praça, mas foi só um terrorismo básico, logo pegamos um taxi e em 15 minutos já estávamos de volta à pousada, ligando para o resto da família para contar as aventuras do dia.

Para encerrar a semana de passeios ainda demos mais um pulinho no Paraguai, onde compramos uma mala extra e... mais muamba! A despedida foi milhada pelo choro da vovó, sempre muito vó e o sorrisão de felicidade do vovô, que havia por fim realizado com louvor a viagem dos seus sonhos! Como todos sabem, a melhor parte de realizar um sonho é justamente poder criar espaço para outros, por isso já estamos planejando a próxima viagem em família. Por hora ficamos com as histórias e as lembranças divertidas deste, que foi sem dúvidas o MELHOR momento desta e de todas as viagens que já fiz até agora!

Aos meus queridos avós, digo: MUITO OBRIGADA PELA COMPANHIA!!!

Beijos enormes a todos
;)

PS: o caixa está baixo, mas o mochilão continua, em breve conto as novidades!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Puerto Madryn - amigos, orcas e pinguins

52 horas!!! Este foi o tempo que levei para percorrer o caminho entre Ushuaia e Puerto Madryn. Os contratempos já foram relatados, portanto vamos às alegrias: depois de 20 e tantos dias de inverno, foi MUITO BOM voltar a sentir o sol quentinho. Larguei a mochila no hostel, tomei um MEGA banho e finalmente puxei um short do fundo da bagagem, ai como foi bom deixar as pernocas livres de novo! Melhor ainda foi caminhar descalça na praia, sentir a areia fininha sob os pés, o vento em uma temperatura gostosa... no píer me diverti como criança ao ver os lobos marinhos e ao entardecer, um homem brincando de Ícaro deixou o por-do-sol ainda mais bonito. A cidade não precisou de muito esforço para me fazer sentir bem vinda!

O principal motivo da minha visita a Puerto Madryn era ver pinguins, por isso não perdi tempo, na manhã seguinte me juntei a um grupo para visitar Punta Tombo, a maior colônia de pinguins do mundo fora da Antártida! Para chegar ao lugar é preciso ter carro, como as meninas ainda estavam na Tierra del Fuego me juntei a uma excursão, grupo pequeno e... 100% feminino, para pesadelo do pobre guia, que foi zoado durante todo o caminho. Fomos recepcionados por um pinguim logo na entrada da reserva ambiental, o bicho estava tão estático em sua pose que levei algum tempo para entender que ele era mesmo de verdade!

Caminhamos pelas trilhas, sempre preocupados em não atropelar (e nem sermos atropelados) pelos donos da casa. Naquela festa vimos de tudo: romance, briga de casal, pinguins gordos, pinguins mais gordos e pinguins tão Tão TÃO gordos que mais pareciam bolotas de pena largadas pelo chão. Os guardas ambientais ficam de olho p/ ninguém tocar ou sequestrar os animais... portanto, precisei conter meu lado Felícia e deixá-los em paz! #FAIL Meu irmãozinho ia gostar taaaaanto de ter um pinguinzinho em casa, o bichinho não ia sequer estranhar o calor =D brincadeirinhas a parte, esta foi a grande lição do dia, o clima estava tão quente que a imagem chichê do pinguim na neve, de gorro e cachecol foi derretida em nossas mentes, aprendemos que eles vivem sim no calor e adoram um banho de praia p/ refrescar... uma vibe super tropical ;)

Quando Emile e Els finalmente chegaram tiramos um dia para planejar nossa ida à Peninsula Valdez para ver leões marinhos, elefantes marinhos, mais pinguins e com um pouco de sorte... orcas! Descobrimos que seria mais econômico ( e divertido) alugar um carro e ir por conta própria. Escalamos um amigo inglês no meu hostel para dividir a despesa, mas não o volante, afinal, como todo mundo na terra da rainha, ele dirige do "lado errado" da via =)

Pegamos a estrada embalados pelos melhores hits dos anos 80 na rádio! Uma paradinha em Puerto Pirámides para comer a melhores facturas (doces de padaria) desta viagem até agora e finalmente chegamos a Punta Norte da peninsula. As orcas estavam lá, montes e montes... mas longe =/ No começo fiquei meio entediada, pelos binóculos só enxergava dorsos e barbatanas, mas eis que justo quando desisti das baleias para bisbilhotar a equipe da NatGeo filmando na praia, as bonitas começaram a se exibir para as lentes: uma nadadeira aqui, um rabinho dali e finalmente emersões mais inspiradas, mostrando o corpo inteiro - LIN-DAAASSS!!! O momento foi emocionante! Mesmo assim a galera que chegou mais cedo teve a "sorte" de vê-las beeeem de pertinho, caçando lobos marinhos em frente à passarelas, mas sinceramente, não sei se gostaria delas tanto assim se as visse em um momento tão selvagem.



Curtimos mais um pouco dos leões marinhos (vivinhos da Silva) e seguimos para outro mirador, onde encontramos pinguins... aproveitei a ausência dos guardas para chegar mais pertinho e viver o momento de #syquerencia registrado na foto ao lado.



A brincadeirinha me rendeu uma bela mancha de cocô de pinguim na calça, acho que isso significa que ele gostou de mim! S2 No mirador dos elefantes marinhos, não encontramos nenhumzinho p/ contar história, mas tudo bem... a paisagem já fazia valer a pena! Pegamos a estrada de volta e no caminho cruzamos com dois motoqueiros, mais tarde descobri que eram Brian e Patrick, de novo! Mundo pequeno, trilhas menores ainda...

Para encerrar a viagem com chave de ouro a Emile cozinhou um super risoto de frango com cogumelos, para acompanhar tivemos vinho (claro!) e bombons Garoto de sobremesa! O jantar foi minha despedida da Els, ela volta para a Bélgica esta semana enquanto estou em Iguaçu com meus avós. Emile fica em Buenos Aires para onde eu devo voltar em breve... mas não sei ainda! Meu destino incerto e o relato do super programa em família são as cenas do próximo capítulo.

Beijo p/ vcs ;)

PS: Ah, esqueci de contar sobre meu visu novo (bem evidente na foto do cocô), ganhei em Ushuaia, de um cabelereiro espanhol MAAAAARA que conheci no hostel! Ele queria ensinar um peluquero de peros (tosador de cães) a cortar madeixas humanas, me ofereci como modelo e ganhei o corte a lá zoropa #LuxoERyqueza ;)

domingo, 3 de abril de 2011

Ushuaia – Histórias do Fim do Mundo


Sai de Puerto Natales em direção a Ushuaia às 7 da manhã. Dois ônibus, um ferry, duas aduanas e quase 10 horas depois pergunto para o motorista da van, quarto e último veículo da viagem: - Moço, ainda falta muito?
– Cerca de uma hora e meia – ele responde.
Diante da minha indisfarçável expressão de descontentamento ele conclui:
- Chica, você está indo para o fim do mundo, queria o que? Que fosse perto???
#FATO!!!
Nem preciso dizer como me senti... uma tonta! Afinal, viajar até a cidade mais austral do mundo, um lugar mais próximo da Antártida do que da minha própria casa, foi escolha minha e a distância não deveria ser uma surpresa! O caminho, apesar de longo foi altamente recompensador – atravessar o estreitode Magalhães em uma balsa seguida por pinguins e toninas (golfinhos patagônicos) rumo a uma terra que inspirou aventuras de Darwin e Julio Verne, não tem preço!!! (ainda que a passagem tenha me custado doídos 35.000 pesos chilenos – pouco mais de 150 reais)


Uma vez na Tierra del Fuego, quilômetros e quilômetros de estepa compõem um cenário desolado e magnífico, que remete às histórias da era do gelo, dos glaciares gigantes invadindo o continente, criando lagos e achatando montanhas. Uma terra habitada por mais ovelhas e guanacos do que gente. Só quando a van chegou pertinho de Ushuaia, o verde voltou a aparecer... bosques, vales e montanhas, entrecortados por rios e lagos, aumentaram ainda mais a satisfação de estar ali.

Se minha viagem foi cansativa, minhas companheiras, Els e Emile, passaram por momentos ainda menos confortáveis, elas resolveram “hacer dedo”, pedir carona até lá. O percurso feito em um número igualmente grande de veículos, levou 24h, um tempo considerado recorde entre todos os mochileiros que nos disseram ter se aventurado no mesmo percurso.


No primeiro dia, ainda sozinha, caminhei pela orla do canal Beagle, ponto de partida da expedição de Darwin rumo a Galápagos. Em uma feirinha de artesanato às margens do canal, encontrei o presente de aniversário perfeito para minha mãe professora/bióloga e atualmente aluna/doutoranda dedicada. Como ela ainda não recebeu o regalo, não posso dizer o que é =x

Terminei o passeio no lendário presídio del fin del mundo, desativado há algumas décadas, mas ainda importante no folclore da cidade. De volta ao hostel, eis que me deparo com um rosto conhecido – Ei, você não é o dono do albergue backpackers de Pucon? Com um ar divertido meu interlocutor responde – Sou, sim! E olhá só quem também está aqui. Olho para o lado e me deparo com... o Miguel! Meu guia amigo/pesadelo na aventura do vulcão, que já tinha me visto e claro, já estava morrendo de rir.
– Nãããããoooo... some daqui! Não vamos escalar nenhuma montanha!
Mas para meu alívio e alegria, ele estava de férias, mais interessado em passear de barco e ver pinguins do que viver aventuras. Entre gargalhadas e abraços apertados celebramos este encontro na pontinha do continente.


Nesta mesma noite encontrei as meninas e combinamos de visitar o Parque Nacional Tierra del Fuego na manhã seguinte. Como a grana anda curta e tudo lá é muito caro, resolvemos hacer dedo para economizar os 55 pesos do bus. Para facilitar o trabalho, descolamos um amigo alemão e nos dividimos em duplas – tudo certo! Chegamos ao local combinado para fazer um caminho alternativo, seguindo os trilhos do expresso Patagônico (trem que costumava transportar os presos para Ushuaia, agora apenas uma atração turística). Quem faz este caminho entra no parque sem pagar o ingresso de 75 pesos, inspirados pelas histórias do lugar e sem saber o quanto de (i)legalidade havia em nossa atitude, nos entregamos a brincadeira de presos fugitivos: cruzamos um rio absolutamente gelado – tão profundo nos molhava até os tornezelos, nos escondemos atrás de arbustos ao primeiro sinal da locomotiva para logo em seguida descobrir que era mais divertido ficar dando tchauzinho aos turistas intrigados. Comemoramos a chegada na estação macarena com uma dancinha óbvia e por fim, nos disfarçamos de locomotiva para cruzar o trecho marcado por uma placa onde se lia “Acesso ferroviário exclusivo”.


Quando finalmente chegamos a trilha oficial, já tínhamos perdido todo o ânimo de andar, mas... como todos usamos Havaianas (todos mesmo!), incorporamos o espírito brazuca e não desistimos NUNCA! Fizemos o percurso de 4h a passos de tartaruga, curtindo o caminho sem pressa. Paramos em várias praias para admirar coelhos, focas, pássaros enormes e uma infinidade de mariscos presos às rochas, subimos em árvores, fizemos pique-niques e por fim prometemos que aquela seria a ÚLTIMA TRILHA de nossa viagem juntas, afinal nossos corpos ainda não se recuperaram 100% do Torres del Paine.

A noite resolvemos comemorar o dia econômico em um pub irlandês (porque eles são os melhores pubs do mundo, até no fim do mundo) e ali pude constatar mais uma vez que aquela pontinha do continente é um lugar propício para bons encontros, quando de repente nossos amigos motoqueiros (do hostel mágico de Santiago onde conheci a Emile e a Els – vide post sobre a capital chilena)entram no bar. Patrick e Brian estavam em busca de uma jaqueta perdida e acabaram encontrando as amigas (Damon estava dormindo). Mais abraços fortes, risadas gostosas e a sensação maravilhosa de conhecer e reencontrar pessoas tão encantadoras neste caminho.

A night acabou em uma boate local, onde os hits do momento eram intercalados com clássicos da música brasileira como Bate forte de Tambor, a Barata da vizinha e... p/ não desmerecer o DJ, Chama Verequete! Ecletismo puro no lugar onde todos se encontram!!!

No dia seguinte as meninas saíram de barco para ver pinguins e toninas, como eu já tinha visto o espetáculo de graça, bati mais perna pelo centro da cidade e aproveitei a energia do lugar.


Se chegar em Ushuaia foi difícil, sair foi pior ainda. O único ônibus em direção ao continente sai às 5h da manhã, claro que não consegui acordar! Encontrei as meninas e fomos de carona até Rio Grande, última cidade antes da fronteira argentina na Terra do Fogo. Foram 4 carros e um dia inteiro na estrada para percorrer míseros 300km. Dormimos no único albergue da cidade e no dia seguinte finalmente consegui pegar o ônibus (às 8h) para Rio Gallegos, primeira grande cidade argentina no continente. Els e Emile ficaram mais um dia, eu encarei 9h de viagem, passando por 4 aduanas, um ônibus e o ferry com chuva!

Apesar da saída complicada, a experiência em Ushuaia foi absolutamente positiva! E quem pensa que diante de tanta lonjura esta foi a primeira e última vez que pisei lá, está muito enganado!!! Pretendo voltar quando estiver aposentada e ryca para fazer um cruzeiro até a Antártida, aguardem meus bens!!!

Mas por hora nosso destino é Puerto Madryn – lar de orcas e pinguins...

Até já!

domingo, 27 de março de 2011

Torres del Paine - W


Quem me conhece sabe que não sou uma pessoa lá muito esportiva, na verdade estou mais para o tipo sedentária com orgulho! mas conforme disse no post anterior, a Patagônia não se revela assim tão fácil... para conhecer as melhores paisagens é preciso suar a camisa, mesmo no frio! Depois do sucesso de El Chalten, eu e minhas recentes companheiras de viagem, Emile e Els, seguimos rumo a Puerto Natales, no Chile, base para explorar o Parque Nacional Torres del Paine (TDP), considerado uma das reservas naturais mais lindas do mundo, com toda a razão! faça sol, chuva, neve ou vento (muito vento) a paisagem é sempre magnífica num ângulo de 360°!

Escolhemos fazer o W, um trekking de mais de 70Km. Foram cinco dias dormindo em barracas, caminhando cerca de 7h por dia morro abaixo, morro acima e ... sem banho! Agora senta que lá vem história!

Dia 01 - Caminhada Extra: Depois de muito pesquisar e ouvir conselhos de outros mochileiros, eu e as meninas resolvemos fazer o trekking de maneira invertida, ou seja, do Oeste para o Leste, do fim para o começo. O caminho teoricamente seria mais fácil, mas quando chegamos lá vimos que a inversão, como tudo na vida, tem pontos positivos e negativos. Mesmo assim, somos três chicas pouco chegadas a regras, então andar a trilha "do avesso" nos pareceu bem adequado. Começamos com força total! Ao invés de pegar o catamaran que leva até o Camping Paine Grande, base de início (ou fim) do W, resolvemos caminhar 14km extras, para economizar os 11.000 pesos (50 reais) do barco, afinal já haviamos gastado absurdos com a entrada no parque 15.000 e aluguel de sacos de dormir, fogareiro, bastões de caminhada, entre outros. Levamos 6h30 no percurso! O vento contra e as mochilas ainda muito pesadas (pelo menos 15kg cada uma) nos levaram a algumas quedas, mas a vista era linda! O campo plano, todo dourado, contrastando com as montanhas negras ao fundo... O dia, hora nublado, hora tomado por um sol vibrante, revelava cores diferentes para as mesmas paisagens, nos dando a impressão de viajar entre vários mundos dentro do mesmo lugar.

Os últimos quilômetros antes do acampamento foram certamente os mais difíceis. A caminhada morro acima, apesar de dura e por vezes perigosa, revelava vistas cada vez mais impressionantes... Jornada finalizada, montamos nossas tendas no acampamento pago, onde conseguimos um bom desconto para passar duas noites, e fomos para a cozinha aquecida preparar nosso merecido banquete de macarrão com salsicha. Cansadas, porém felizes! E aqui devo fazer uma terrível confissão: o acampamento, muito bem equipado, tinha banheiro com duchas de água quente, nós sabiamos disso desde o início, porém, qual a vantagem de tomar banho nos 2 primeiros dias e passar outros 3 cheirando mal? Além disso, fazia MUITO frio e banho implicaria em carregar toalhas e sabonete, artigos de luxo para quem precisava dispensar qualquer grama de peso desnescessário na mochila, principalmente porque no fim das contas todo mundo acabava fedido mesmo!!! E ai, convenci nas justificativas??? Quem fez o TDP e tomou + de uma ducha, que atire a primeira pedra!... Ai! =)

Dia 02 – Glaciar Grey: Acordamos às 7 e meia da manhã, após uma noite fria! O vento forte por vezes nos fez pensar que as barracas não sobreviveriam, mas passamos bem. Os primeiros raios de sol colorindo a montanha nevada a nossa frente criavam a expectativa de um dia lindo. A caminhada de 3h30 (só de ida) até o segundo mirador do Glaciar Grey seria feita em uma trilha pouco mais complicada, cheia de altos e baixos, mas logo descobrimos que a ausência das mochilas grandes (devidamente guardadas no acampamento) fazia toda a diferença. Nos sentíamos tão leves, tão livres... caminhamos, corremos, fizemos piquenique na beira de um lado cheio de icebergs, brincamos com aqueles pedaços imensos de gelo e até nos sentimos perdidas por alguns minutos, só para logo em seguida ter o prazer de nos descobrir dentro de um buraco cheio de flores coloridas.

O Glaciar Grey, foi sem dúvida uma das paisagens mais bonitas do trekking! No caminho de volta paramos para colher Pissonli (não sei se este é o nome correto... uma folha que cresce nas mostanhas e, de acordo com a Emile, faz sucesso nos restaurantes mais caros da França), já tentamos comer a folha de umas 3 maneiras diferentes, mas ainda não desceu legal... mesmo assim gostamos da idéia de ter uma salada chique! A fineza, entretanto não durou muito... ao colher as folhas, percebemos que estavam molhadas e um olhar mais atento ao redor fez surgir o raio da lembrança: estávamos fazendo a colheita exatamente no local onde a Els havia feito xixi alguns minutos antes, se as gotas eram de orvalho ou pipi, nunca saberemos, mas preferimos desistir da salada!

Dia 03 – Vale Francês e muita chuva: Após uma noite linda e estrelada, eis que chega a manhã de chuva. Torres del Paine tem um microclima particular e as chuvas são constantes por ali - sortudos e muito poucos são aqueles que conseguem escapar. Estávamos preparadas: capas de chuva, roupas guardadas em sacos plásticos, mas o vento, o frio e o incômodo de caminhar por 3h30 até o acampamento seguinte com as mochilas grandes , sob chuvisco constante, murcharam nosso ânimo. Apesar do trecho curto e relativamente fácil, chegamos cansadas, mal humoradas e ainda por cima, tivemos que armar as tendas com o clima ruim, resultado: chão molhado e um frio de rachar! Trabalho terminado, coloquei uma muda de roupas secas e me enfiei no saco de dormir, sem chances de encarar a caminhada de 2h30, morro acima, até o Vale Francês. As meninas, resolveram apostar no ditado “quem tá na chuva é pra se molhar”, apesar da boa vontade, desistiram pelo meio do caminho, já que a visibilidade estava muito comprometida. Neste dia jantamos cedo e dormimos no acampamento gratuito (camping italiano), sem banheiro e sob o ruído assombroso das avalanches nas montanhas do vale.

Dia 04 – Um belo e longo caminho: Quando acordamos finalmente não havia mais chuva, tomamos um longo café da manhã para recuperar as energias, afinal o dia seria longo... quase 7h de caminhada até o próximo acampamento. Mas a primeira missão do dia era chegar ao camping Los Cuernos, há duas horas de onde estávamos, objetivo: usar o banheiro! A gente já estava craque em fazer xixi no mato, mas o n°2... já era pedir demais, né? Assim que começamos a trilha, olhamos para trás afim de checar a montanha das avalanches, a quantidade de neve desprendida era IMPRESSIONANTE! Como não tinha feito a trilha no dia anterior, eu não tinha noção de que estávamos tão perto... melhor assim, se soubesse talvez tivesse conseguido dormir! O caminho começou fácil, bastante plano e novamente revelando paisagens maravilhosas. O vento, sempre traiçoeiro em Torres del Paine, por vezes soprava rajadas fortes, um desses sopros mais inspirados derrubou a Els no meio de um monte de pedras deixando de brinde um joelho todo ralado! Mas nossa guerreira belga seguiu firme e forte sem reclamar.

Paramos no acampamento pago, usamos o banheiro, a água e de quebra as mesas externas para o almoço, no esquema 0800, claro! Na sequência, 1h de caminhada morro acima para fazer a digestão. No meio do caminho decidimos pegar um atalho para ir ao camping Chileno, o que tornou nosso caminho ainda mais duro, igualmente longo, porém nos salvaria 2h na jornada do dia seguinte. Juntei os últimos minutos de bateria do meu mp4 e chamei o Oasis para um reforço de emergência. A trilha sonora era tão perfeita e casava tão bem com a paisagem que simplesmente não me contive, abri os braços e soltei um grito... AAAAAaaaaahhhhhh \o/ Quando percebi, as meninas estavam rindo e se desculpando com um casal de mochileiros assustados... não eu não estava machucada, o grito não era um pedido de socorro, era só excesso de felicidade escorrengando corpo afora!

Dia 05 – Torres del Paine: A noite no acampamento chileno foi a mais fria de todas. Estávamos a quase 800m de altura, com MUITO vento (e só quem já foi no TDP sabe o que MUITO VENTO significa!), novamente sem banheiro e morrendo de inveja das pessoas ricas do refugio, comendo churrasco e tomando vinho. Ninguém dormiu direito, mas no dia seguinte estávamos prontas para encarar a caminhada mais difícil de todas, a trilha mais íngreme, os ventos mais forte, para finalmente chegar na cereja do bolo... as famosas Torres del Paine. Desde o início do trekking a Emile falava na bendita foto das montanhas que ilustravam mapas, postais e o álbum do todos os amigos no facebook, a foto perfeita, a paisagem que tanto nos esforçamos para ver fecharia a jornada com chave de ouro. Pois bem, fomos! Depois de 1h30 de caminhada eis que vemos um monte I-MEN-SO de pedras... não podia ser, vamos ter que escalar até láááááá em cima? Yep! Coloquei os bastões na mochila e fiquei parecendo um samurai (na verdade olhando p/ minha sombra, só pensava no Kung Fu Panda), com as mãos e pés bem firmes começamos a escalar. O vento estava absurdamente forte, começamos a lembrar de todas as histórias sobre gente sendo soprada montanha abaixo... finalmente entendemos como pode ter acontecido de verdade.

Após 1h de subida exaustiva, finalmente chegamos nas Torres e... NÃO eram as benditas montanhas que a Emile tanto queria ver!!! Confesso que fiquei p*** e tomo a liberdade de insinuar um palavrão aqui, pois só assim vocês vão ter a dimensão exata do que senti. Ok, era bonito, com os raios de sol as cores ficavam realmente encantadoras, a terra vermelha circulava em redemoinhos sobre a águal azul turquesa do lago e tudo mais... o problema é que o bendito parque se chama TORRES DEL PAINE e diante de tudo que havíamos visto em 5 dias de caminhada, esperávamos algo magistral, mas o que encontramos lá era apenas muito bonito... ainda assim não tão "muito bonito" quanto a vista do Fitz Roy em El Chalten ou mesmo o caminho do primeiro dia, o glaciar grey e o vale do dia anterior. Além do mais era impossível curtir propriamente o lugar com aquele vento tão forte. Fizemos algumas fotos, usamos toda a nossa boa vontade para enxergar o máximo possível de magia ali, lembramos a importância geológica das montanhas e saímos felizes já que, afinal, para baixo todo santo ajuda!

Antes de desmontar acampamento ainda recebemos a visita de uma raposa procurando algo para o almoço (tô falando de restos de comida, não da gente!). Depois de tudo pronto, seguimos morro abaixo pensando em banho, comida de verdade, vinho e cama! Acabamos a trilha às 17h e o próximo micro para levar à estação de ônibus só sairia às 19h30. Resolvi esperar, pois minhas pernas se recusavam a caminhar outro trecho desnescessário. As meninas, incansáveis resolveram percorrer a trilha a pé, só para passar o tempo Oo. No meio do caminho, porém, quando já tinham se arrependido da ídéia, eis que surge um anjo oferecendo carona. Quando finalmente cheguei em Puerto natales, duas horas depois delas, encontrei minhas amigas já cheirosas e com o jantar no fogo. Tomei o banho mais gostoso da minha vida, comi a comida mais deliciosa, bebi o vinho mais saboroso (e olha que era gato negro) e dormi o melhor sono de todos em uma cama bem quentinha.

Tiramos o dia seguinte para relaxar e colocar a vida em dia antes de seguir viagem. Trocamos fotos, impressões e ao final nos vimos plenamente satisfeitas com a experiência como um todo... fizemos o trekking “devagar”, tomando nosso tempo em um ritmo tranquilo e com isso conseguimos aproveitar tudo. Muito gente enxerga o parque como um desafio e por isso se esforça ao máximo para fazer o percurso no menor tempo possível focando nas atrações principais, com isso baixam a cabeça para um caminho cheio de pedras sem se dar contas que algumas das vistas mais bonitas não estão exatamente no ponto final e sim pelo meio do caminho. Ah! E as benditas montanhas que a Emile tanto queria ver, conforme descobrimos mais tarde, são os Cuernos del Paine e advinha só, a paisagem famosa, com o laguinho e as montanhas de cogumelo, não está na trilha e sim na frente de um HOTEL DE LUXO, por onde todos passamos com o ÔNIBUS... zero esforço para vê-las! Como diria Alanis Morissette: Isn't it ironic?... We think so!

Finalizada nossa aventura no paraíso seguimos viagem para o Fim do Mundo, mas essa história eu conto depois! ;)
Beijos e cheiros!

segunda-feira, 14 de março de 2011

El Calafate / El Chalten - Rumo ao fim do mundo!

Sair de Bariloche não foi fácil, especialmente para o meu bolso! O ônibus até El Calafate, terra de Cristina e Nestor Kirchner, me custou 498pesos p/ uma viagem de 28h. O ônibus era muito confortável, do tipo cama, já que a opção mais barata (semi-cama) não estaria disponível pelos próximos 3dias. Infelizmente, não há muita escolha quando vc viaja rumo ao fim do mundo!

Ainda na estrada a Patagônia mostra seu poder: há menos de 1h de El calafate, seguíamos o caminho em direção a neblina, eis que de repente o lado esquerdo do ônibus é tomado por uma chuva forte! As janelas embaçadas recebiam gotas initerruptas e o tempo cinza não permitia visibilidade sequer há meio metro de distância. Enquanto isso, do lado direito, a paisagem seguia por quilômetros de distância, até onde os olhos eram capazes de ver, sob um sol de rachar. ABSURDOOOO!!!!!


O maior atrativo de El Calafate é literalmente muito grande: o Glaciar Perito Moreno, uma geleira do tamanho da cidade de Buenos Aires, com paredes equivalentes a prédios de 20 andares e o triplo deste tamanho debaixo d´água. Sob a luz do sol, as fendas de gelo são de um azul inacreditável e difícil de capturar com a câmera fotográfica, um espetáculo exclusivo para os olhos.


Todos os dias pedaços enormes destas paredes despencam em um processo natural. O barulho das rachaduras dentro do glaciar cria expectativa... muitas vezes são apenas pequenos desprendimentos, mas de repente, blocos de gelo equivalentes a três edifícios se soltam e caem bem ali, diante de nossos olhos, com o ruído de 10 trovões. A cena deixa todo mundo em êxtase: gritos, palmas, assobios, queixos caídos e olhos arregalados em uma mistura de espanto e emoção.

Passado o primeiro momento de deslumbramento, logo começamos a perceber outros pedaços que estão prestes a cair. Consegui registrar um desses desprendimentos, menor que o primeiro, mas igualmente emocionante! Com a chegada do fim de semana, aproveitei o tempo bom para ir a El Chalten encontrar duas companheiras de viagem, Emile e Els, uma francesa e uma belga que se conheceram no Peru, se reencontraram em Santiago no hostel onde eu estava e passaram a viajar juntas, como nosso roteiro é praticamente o mesmo estamos sempre nos achando e nos perdendo por aqui.

El chalten é considerada a capital do trekking na Argentina, as trilhas levam a lugares fenomenais! Uma balança em Pucon já tinha me alertado que era hora de começar a queimar todo o dulce de leche que ando comendo por aqui, começamos então com uma caminhada leve: 3h para ir e outras 3h para voltar até a Laguna Torre, decorada com montanhas e um belo glaciar. A trilha é longa, mas bem fácil, praticamente toda plana. Durante quase todo o trajeto pelo bosque, ainda bem verde nesta época do ano, é possível ver as montanhas nevadas ao fundo. Passeamos alegres e serelepes, nos sentindo como Hobbits em Senhor dos Anéis, segundo a Emile, que já viajou meio mundo, o cenário lembra mesmo a Nova Zelândia, talvez por estar situado na mesma latitude.

No dia seguinte era hora de fazer o negócio valendo! Acordamos cedo e pegamos a trilha principal em direção ao Fitz Roy, uma das montanhas mais bonitas e difíceis do continente americano. O caminho leva quase 6h para ir e pelo menos outras 3h para voltar, sendo a primeira e a última hora antes de chegar à Laguna de los Tres (ponto final da trilha) as mais difíceis, já que o caminho é morro acima... e bota acima nisso! Os 500m finais da subida são como uma grande escada, então tente imaginar o que é passar 1h subindo uma escada de meio quilômetro para finalmente chegar ao topo e descobrir que ainda tem outro morro ali na frente! No fim das contas o esforço é recompensado pelo prazer de ver bem de pertinho aquela montanha gigante e saber que a partir daquela fronteira, só os montanhistas mais experientes são autorizados a continuar.

Na volta estamos completamente cansadas, mas também felizes e o mais importante, nos sentindo preparadas para a próxima aventura: Torres del Paine, o parque nacional chileno conhecido por ter as paisagens mais incríveis das Américas, quiçá do mundo! Vamos fazer o circuito W, um trekking de 5 dias com direito a acampamento, comida instantânea e provavelmente zero banho. Vai ser um desafio... talvez o maior desta viagem. Prometo contar tudo quando voltar! Hoje deixo vocês com um cheiro, para aproveitar enquanto ainda posso! Até mais ;)